Crítica: "Adoráveis Mulheres"

Durante a guerra civil americana, as irmãs Jo (Saoirse Ronan), Beth (Eliza Scanlen), Meg (Emma Watson) e Amy (Florence Pugh) encaram os desafios do amadurecimento enquanto lidam com os altos e baixos de ser uma mulher na sociedade da época.
O romance “Little Women” de Louisa May Alcott foi publicado em 1868 e vem sendo adaptado para as telas desde quando o cinema ainda era mudo, com sua primeira versão lançada em 1917. Desde então, cada geração teve a sua versão no cinema ou na TV. Com bons apelos comerciais e uma impecável visão artística, essa versão é a ideal para apresentar a obra para essa nova geração.
A genialidade da linguagem que Greta Gerwig cria em sua direção consegue trazer originalidade para uma obra que já estava saturada após tantas adaptações e ainda deixar sua assinatura de forma despretensiosa. A diretora optou por modificar a estrutura narrativa clássica e se arriscar com o uso de flashbacks, o que é feito com tanta maestria que faz a comunicação entre passado e futuro potencializar a mensagens do enredo.
Seus já conhecidos planos inteligentes são valorizados com o uso de filme ao invés da praticidade das câmeras digitais, o que foi sugerido á Greta por Steven Spielberg baseado nos resultados da técnica em seu filme “Lincoln”.

É difícil ver um elenco com tantos nomes de peso equilibrando tão bem os destaques individuais como foi feito nesse longa. De uma Saorsie Ronan que defende a garra de sua Jo March sem sua comum prepotência de trabalhos como “Ladybird”, à Emma Watson no ápice de sua sensibilidade como Meg e Florence Pugh construindo brilhantemente seu arco e dando consistência na desafiadora passagem de tempo que Amy passa ao longo da história.
Além de ser lindo ver a força que Laura Dern esbanja como Marmee e Meryl Streep tão entregue a antipatia da ironicamente hipócrita Tia March. Diferente dos falhos esforços de Timothée Chalamet para cativar com um Laurie tão insosso quanto qualquer outro papel de sua carreira.
É preciso destacar o impecável trabalho dos figurinos e de toda a direção de arte. Tudo conspira para uma experiência imersiva no Século XIX.
Afinal, é um filme cuja principal função é retratar os costumes de uma época não tão distante e trazer reflexões que ainda estão em pauta atualmente. Ter quatro protagonistas com perspectivas de vida tão diferentes (mas também tão complementares) é o que torna o recorte social da obra uma experiência rica.
É clichê dizer que é um filme “para toda a família”, mas traz aprendizados para todas as idades.
“Adoráveis Mulheres” chega aos cinemas em 9 de Janeiro, com distribuição da Sony Pictures.